sábado, 11 de junho de 2022

Prefeitura de SP ameaça romper contratos com empresas de ônibus suspeitas de ligação com o PCC

 


A polícia civil de São Paulo avalia pedir mais uma vez a prisão do vereador Senival Moura do PT. O parlamentar é investigado em uma operação que apura a participação do PCC em empresas de ônibus que têm contrato com a prefeitura de São Paulo. A suspeita é que Moura estaria envolvido na morte de um ex-diretor da Transunião, Adalto Soares Jorge. Em março de 2020, Adalto estava no estacionamento de uma padaria na zona leste da capital quando foi surpreendido por um homem armado. Imagens de circuito mostram o momento do assassinato. A investigação aponta que Adalto era testa de ferro do vereador na direção da empresa, que seria utilizada para lavagem de dinheiro de membros da facção criminosa.


O diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais, delegado Fábio Lopes, explica que foi o parlamentar quem colocou Adalto como diretor da Transunião. “O Adalto era, então, presidente da cooperativa. No mês de fevereiro ele foi afastado e no mês de março foi morto. Nós começamos a investigar a partir daí. Nós chegamos à conclusão que ele tinha sido morto por meio do crime organizado. Parece que houve um desvio de um valor muito grande do dinheiro que teria que ser repassado para os cooperados, no caso, agora, os acionistas. E uma parte grande desse dinheiro teria que ser repassado para os membros dessa organização criminosa. E parece que teve um desvio”, comenta o delegado.


O vereador nega a acusação. Em nota, Senival Moura disse que foi surpreendido pela ação da polícia e que não tem envolvimento com as ações, qlém de estar à exposição da justiça. Ele completa que sente a morte de Adalto até hoje e que o ex-diretor da empresa de ônibus era companheiro, trabalhador e amigo. Já o diretório municipal do PT da capital paulista afirma que confia na versão apresentada pelo parlamentar e que irá acompanhar o desenvolvimento das investigações.

A Transunião foi de uma operação do DEIC na última quinta-feira, 9. Na data, os policiais prenderam o principal suspeito do assassinato e suposto autor dos disparos, Jair Ramos de Freitas, conhecido como Cachorrão. Devanil Souza Nascimento, conhecido como Sapo, também foi preso. Ele era motorista do vereador e é suspeito de ter levado Adalto até a padaria. O DEIC indica que integrantes do PCC são donos de 30% a 40% da frota da companhia. 13 ônibus foram apreendidos. Além da Transunião, outra empresa de ônibus, a UP Bus também é alvo da polícia. A companhia é investigada pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico. O DENARC disse ter provas que, pelo menos, cinco chefes da empresa fazem parte de facções criminosas e apurou que de 2015 a 2021 o número de sócios passou de três para 60 e o capital da Up Bus de R$ 1 milhão para R$ 20 milhões.

Segundo a polícia, os responsáveis pelas frotas são suspeitos de homicídio, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, sequestros e roubo a bancos. Após a operação, o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que pode quebrar os contratos com as empresas, caso as irregularidades sejam comprovadas. “Essa etapa é de investigação, portanto, apesar de parecerem robustas as próprias, ainda está em investigação, estando em investigação, a prefeitura não tem o que fazer, porque não tem a confirmação. Havendo a comprovação de que houve a utilização da concessão, portanto, o contrato firmado da prefeitura e empresa, e que esse contrato foi usado para fazer a lavage, de forma muito rápida, nós vamos fazer a rescisão contratual”, disse Nunes.

Juntas, Transunião e Up Bus transportam mais de nove milhões de passageiros por mês na cidade de São Paulo. A Transunião opera dois lotes, um com 40 linhas, que vai de São Miguel Paulista ao Itaim Paulista e outro com dez, que vai da Vila Prudente a São Mateus. Já a UP Bus é responsável por 13 linhas, que vão do Tatuapé a São Miguel Paulista.

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