domingo, 16 de junho de 2024

Caio Vitória: um ônibus que fez história no Brasil e que marcou gerações

 

     
                          Primeiro Caio Vitória ainda na montadora


A década de 1990 foi rica em modelos e tipos de ônibus produzidos no Brasil. Grandes montadoras como Marcopolo, Busscar e Caio se consolidaram no país e se destacaram pela produção em ritmo frenético de ônibus que se tornaram clássicos de uma época. Grandes famílias de ônibus – como o Torino e o Ciferal, por exemplo, ganharam a confiança dos usuários e marcaram presença nas garagens de ônibus. Com o Caio Vitória não foi diferente. O ônibus atravessou gerações e se adaptou às diversas configurações e versões aplicadas ao longo de pouco mais de uma década presente na linha de produção da fábrica.


Caio Vitória na fábrica em 1993

Projetado pela primeira vez em 1987 e lançado no ano seguinte, o modelo de ônibus urbano Caio Vitória atravessou diversas conjunturas políticas, econômicas e sociais do Brasil. Momentos difíceis no país como a inflação, a estabilização monetária e a expansão da indústria automobilística, que já na década de 1990 esbarrava nos grandes congestionamentos dos principais centros urbanos. Ao brasileiro e usuários do transporte coletivo, restou buscar outras opções de transporte, inclusive os que utilizam energia limpa, como o metrô movido a eletricidade e a bicicleta, por exemplo. 


Sem dúvida, o Vitória deixou saudades. Hoje em dia, sua presença nas ruas não é tão evidente como era a 15, 20 anos atrás, quando o veículo era sinônimo de perfeição e qualidade. No Recife, praticamente  todas as empresas possuíam o Caio Vitória, que era referência em transporte de passageiros e se destacava até mesmo do modelo mais próximo de sua geração: o Caio Alpha. Mantendo um bom nível de vendas, o Vitória fechou o ano de 1995 com bons índices de aprovação entre os usuários. Nas ruas, algumas características chamavam a atenção e tornaram este tipo de ônibus especial: a suspensão elevada, a tarja preta nos faróis traseiros (presente em alguns modelos) e o ronco do motor que ecoava com intensidade.


Caio Vitória com porta central e motorização traseira. Modelo na foto é encarroçado sobre chassi Volvo.

Nesta foto abaixo, registrada em 1994 e noticiada pelos jornais na época, observamos  a greve dos funcionários de uma empresa de ônibus do Recife por reivindicações da categoria. Vemos também que a principal “estrela” da foto é um ônibus Caio Vitória modelo Scania L-113 CL, de motorização traseira; este busão possuía um ronco de motor incomparável e confere certa nostalgia ao transporte recifense da década de 1990. A imagem, ao que parece, foi fotografada em frente à garagem da empresa e, com certeza, ficará na lembrança de muita gente que vivenciou o período. Ao longo de sua história, o ônibus se destacou por seu design robusto e diferenciado, sem perder suas principais características originais de fábrica, nas várias versões do modelo.



Nesta foto histórica registrada em 1994, durante a greve da Borborema, observamos na imagem um Caio Vitória de motorização traseira.


Mas o Vitória conseguiu se destacar entre diversas outras carrocerias de ônibus e acabou entrando para a história. Afinal, nossos pais e nossos avós devem ter utilizado este ônibus que, com seu design, deixou sua marca registrada e chamou a atenção de diversos frotistas e empresários de transporte do Brasil. Com o fim de sua produção, cuja última unidade do veículo foi fabricada em 1997, o Vitória consolidou sua marca e deixou um grande legado na história do transporte coletivo de passageiros, ficando conhecido como um ônibus que fez história no Brasil e que marcou gerações. Afinal, quase todos têm uma história para contar sobre o Caio Vitória, desde os seus avós, passando pelos seus pais até o seu irmão mais velho que vivenciou a época, um ônibus em que sua presença se tornou quase obrigatória nas garagens dos empresários de transporte.


Caio Vitória articulado, criado para suprir a grande demanda de usuários


Além do mais, devemos destacar também  o modelo encarroçado  sob o chassi Scania, um item que conferia certa exclusividade  ao veículo. Trata-se do Caio Vitória urbano Scania L-113, lançado em 1991 no Recife. A imprensa destacou na época o evento de lançamento que contou com a presença de figuras importantes do mundo empresarial dos segmentos rodoviário e automobilístico, como dos empresários Luiz Morato, da antiga São Paulo, Paulo Chaves, da atual Caxangá  e Luciano, da empresa Transcol, entre outras personalidades. Na ocasião, a reportagem ainda ressaltou que o então novo ônibus da marca Vitória montado sob o chassi Scania contava  com suspensão a ar nos eixos dianteiro e traseiro, sistema de auto nivelamento e amortecedores que proporcionavam um rodar macio e seguro. Esses e outros itens traziam mais comodidade aos passageiros. Uma verdadeira revolução para o setor de transportes na época.



Fábrica da Caio Norte em Jaboatão/PE, hoje desativada.


E para não deixar passar em branco na história, neste breve resumo que faço  sobre o Caio Vitória, não poderia deixar de falar sobre uma das unidades industriais responsáveis pela fabricação desse tipo de ônibus, instalada durante muitos anos no município de Jaboatão dos Guararapes, a 19km do Recife e que produziu muitos  veículos do modelo em larga escala, possibilitando uma maior adesão dos empresários. Atualmente desativada, a fábrica contribuiu  significativamente para a construção da história dos transportes. Se adaptou às transformações da indústria de chassis e motores. Deixou um grande legado. Popularizou no Nordeste um produto idealizado no Sul do país. Expandiu fronteiras e hoje remete apenas às lembranças de um passado rico e nostálgico.


📌 Fonte  Blog Ponto de ônibus 

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