quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Parada de bondes da Praça João Mendes

 Por décadas os bondes trafegaram por São Paulo como o principal meio de transporte público. Este serviço começou no final do século 19, através dos bondes de tração animal da Viação Paulista, e seguiram em serviço até 1968, quando a última linha em atividade, com destino a Santo Amaro, foi extinta.

Foto: Bonde para Santo Amaro trafegando pelo bairro de Vila Mariana
Foto: Bonde para Santo Amaro trafegando pelo bairro de Vila Mariana

A partir da desativação do serviço de bondes de São Paulo, a herança deste meio de transporte coletivo no mobiliário urbano e na memória do paulistano foi, aos poucos, sendo apagada. Seja através da demolição de paradas, seja pela remoção de trilhos das ruas e avenidas, pouco resta hoje como lembrança.

E o que sobreviveu pela cidade nem sempre é associado aos bondes. Um bom exemplo é esta estrutura do início da década de 40, existente na Praça João Mendes:

clique na foto para ampliar
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Localizada diante de dois estabelecimentos icônicos paulistanos – o Sebo do Messias e a Padaria Santa Tereza – a construção das famosas bancas de flores estabelecidas ali há décadas são, na verdade, a estrutura remanescente da antiga parada de bondes que existiu no local até meados dos anos 1960.

Sua construção iniciou-se no final da década de 30, durante a gestão do então prefeito paulistano Prestes Maia, que publicou a futura obra no diário oficial e nos principais jornais da cidade.

Publicado no jornal Correio Paulistano em 26/02/1938
Publicado no jornal Correio Paulistano em 26/02/1938

Estas obras, tais quais muitas outras de Prestes Maia, mudariam por completo a região em poucos anos. Na época, inclusive, não houve qualquer preocupação com o patrimônio histórico paulistano e a Igreja dos Remédios, ícone da São Paulo colonial erguida em 1727, foi demolida durante o decorrer das obras.


Obras da futura parada de bondes no início da década de 1940
Obras da futura parada de bondes no início da década de 1940

Uma vez inaugurado, a parada de bondes serviu aos paulistanos por décadas, operando inclusive até algum tempo depois da extinção do serviço de bondes, atendendo a população como ponto de ônibus.

Mas engana-se quem pensa que a parada de bonde era apenas esta diante da padaria Santa Tereza. Existiam outra parada idêntica a esta do outro lado da praça, diante do fórum. Estas foram demolidas com o alargamento do calçadão ali existente.


A foto abaixo da uma excelente visão de todas as paradas da Praça João Mendes:

Praça João Mendes e arredores (clique na foto para ampliar)
Praça João Mendes e arredores (clique na foto para ampliar)

Depois de serem desativadas as paradas foram transformadas em bancas de flores e, até hoje preservam o charme do tempo dos bondes. Ali também há um pequeno banheiro público, no centro da construção, mas que não é aberta para a população já se vão muitos anos.

Antigo bonde da CMTC com destino à Praça João Mendes
Antigo bonde da CMTC com destino à Praça João Mendes

Um detalhe que não é possível deixar passar quanto a estas paradas, é que são muito melhores que as atuais oferecidas pela cidade, patrocinadas e que oferecem pouco conforto a quem espera uma condução. Feitas em vidro e concreto, as paradas atuais são também muito fáceis de serem vandalizadas, não protegem do sol e parecem ter como finalidade principal a divulgação de publicidade e não abrigar o cidadão. A durabilidade dos antigos abrigos de bonde e dos pontos de ônibus remanescentes das décadas de 1940 e 1950 mostram a superioridade delas contra as atuais.


Veja mais uma foto atual do local:

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