sexta-feira, 13 de março de 2020

Apesar de fracasso em experiência de 2016, BH volta a testar ônibus elétrico



Belo Horizonte começa, ainda neste mês, testes em ônibus totalmente elétrico. O procedimento será feito pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (Setra-BH), com acompanhamento e autorização da BHTrans. Uma experiência similar já havia sido feita em 2016, mas o modelo não apresentou resultados satisfatórios e a aquisição dos veículos foi descartada naquela época.
Inicialmente, apenas um ônibus participa deste novo teste, que deve durar 10 semanas. Segundo a BHTrans, o principal apelo deste tipo de veículo é reduzir a emissão de gases de efeito estufa, de material particulado e outros poluentes, além de redução de ruído.
Durante a fase de testes, o ônibus vai passar por itinerários e condições operacionais variadas. O veículo estará equipado com sistema de telemetria, que vai possibilitar acompanhamento em tempo real (GPS). O objetivo é verificar o desempenho no mesmo itinerário feito por um ônibus tradicional.
O mestre e engenheiro mecânico Bruno Baptista explica que o veículo elétrico tem torque mais imediato do que os veículos a combustão, o que favorece a mobilidade e a fluidez no trânsito.
“Em locais com muito morro, o motorista de ônibus convencional joga a primeira, a segunda e vai devagar. No caso de veículo elétrico, já teria mais agilidade. No elétrico, pisou no acelerador e vai embora. A dirigibilidade é muito, muito melhor do que o convencional “, explicou.
Entretanto, para ele, a inclusão ou não do veículo definitivamente nas ruas de Belo Horizonte deve depender do viés econômico. Além de ter um custo mais alto do que o convencional, o ônibus elétrico pode ter a manutenção de algumas peças, como a bateria, mais cara.
"O veículo totalmente elétrico tem que ter ponto de recarga de bateria. Quantos quilômetros anda com uma carga só? Onde será esta recarga? Vai chegar na garagem, plugar e recarregar? O ônibus vai ficar parado durante todo o tempo de recarga? Vai compensar?", completou.
Segundo Baptista, as baterias também têm grande potencial poluidor porque usa metais nobres na composição. "O que faz com a bateria que já venceu e não dá recarga mais?", questionou.
A presença de metais pesados na bateria também pode ser preocupante em caso de acidente com incêndio, segundo o especialista. "Em caso de acidente, o problema é que incêndio na bateria é diferente no motor a combustão. Na bateria pode ter gás tóxico e o apagar é muito mais difícil. Vai demandar atendimento especializado do Corpo de Bombeiros", afirmou.
O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (Setra-BH), informou que ainda não é possível determinar o prazo para a aquisição dos veículos, mas disse que, em breve, será possível verificar o ônibus circulando pela cidade. Segundo o Setra, o setor passa por uma crise, sem reajustes na tarifa há mais de dois anos.
Testes em 2016
A Prefeitura de Belo Horizonte já havia feito, em 2016, estudos com outro tipo de ônibus elétrico. Mas a aquisição dos veículos não foi para a frente. Segundo a BHTrans, o desempenho verificado não atendeu às expectativas da época. O Setra informou que o veículo era pesado, caro e não fazia nem 100 km sem recarga.

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