sábado, 27 de julho de 2019

Designer acusa Embratur de violar direitos autorais em nova marca; órgão admite erro e promete mudar campanha




Lançada há duas semanas, marca 'Brazil Visit and love us' foi criada para divulgar o país no exterior. Segundo o artista francês Benoit Sjöholm, logo é baseado em fonte tipográfica que ele criou e não pode ser usada comercialmente. Embratur admite erro e afirma que vai mudar campanha.





Presidente da Embratur, Gilson Machado Neto (esquerda), e diretor de marketing do órgão, Osvaldo Matos de Melo Júnior (direita), exibem nova marca para promoção do Brasil no exterio



O designer francês Benoit Sjöholm acusou a Embratur de violar seus direitos autorais na criação de uma nova marca para promover o turismo do Brasil no exterior. Lançada há duas semanas, a campanha "Brazil Visit and love us" (Brasil, visite e nos ame, em tradução livre) adota uma fonte tipográfica criada pelo artista que não pode ser usada comercialmente sem autorização. Questionado nesta sexta-feira (26), o órgão federal admitiu o erro e afirmou que vai mudar a campanha.
A fonte chamada "Fontastique" está disponível para aquisição em sites especializados, mas só pode ser usada por pessoas físicas. O uso comercial é proibido sem a autorização do criador.
"Estou muito surpreso com essa notícia", disse ele. "Isto é, de fato, neste caso, uma violação de direitos autorais."
A Embratur admitiu ter adotado uma fonte que não pode ser usada comercialmente e afirmou que vai fazer as alterações na marca, buscando uma fonte gratuita.
A nova marca foi desenvolvida pelos próprios servidores da Embratur. Segundo o órgão, a opção foi para dar "economia e agilidade".

Secretários pedem que campanha seja retirada do ar

A nova marca foi alvo de protestos do Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo (Fornatur), que pediu a retirada da campanha do ar. Em nota divulgada na última terça-feira (23), a associação afirmou que não participou do planejamento da campanha e que a nova marca tem "conotação sexual" e "não representa o turismo do Brasil".

O Fornatur criticou a frase em inglês e a forma como o nome do país foi escrito. "Brasil com “z” ignora a grafia correta, não é utilizado há décadas e foi abolido justamente para que nossos símbolos fossem respeitados", disse a associação, em nota.
"O slogan, como foi apresentado, sugere conotação sexual já que, na língua inglesa, o verbo amar pode significar um ato sexual se vier junto com o pronome errado, como no caso dessa marca que usa o pronome “us” e não o “it”."

O que diz a Embratur

A Embratur admitiu ter usado a fonte sem permissão e afirmou que irá mudar a campanha. Veja a íntegra da nota enviada pelo órgão:
"Sobre a fonte usada na nova marca da Embratur para promoção internacional do turismo brasileiro:
  • Foi identificado que a fonte utilizada (Fontastique) não pode ser utilizada gratuitamente, para a atividade da Embratur;
  • Por conta disso, o instituto já está realizando as alterações necessárias nesta marca;
  • Para atender as diretrizes de economicidade do governo federal, o Instituto Brasileiro de Turismo não utilizará a referida fonte, e buscará uma alternativa também sem custos, que atendam os padrões técnicos;
  • Não será necessário o contato com o criador da fonte (Fontastique), pois a fonte não será utilizada pelo instituto;
Ainda sobre a nova marca, a Embratur reforça que:
  • A nova marca da Embratur foi desenvolvida com inspiração no maior símbolo brasileiro: a bandeira nacional. Acreditamos que esse novo posicionamento fortalece a imagem do país no exterior, atrelando a imagem do Brasil, e a função do instituto que é promover o turismo brasileiro, a este ícone que é reconhecido mundialmente, e que representa de maneira muito completa as belezas naturais e riquezas culturais do país.
  • Sobre as alegações que o slogan poderia ser considerado um incentivo ao turismo sexual, a Embratur afirma que não há sentido em fazer essa ligação. O instituto frisa que o governo brasileiro não reconhece a expressão ‘turismo sexual’, e reforça que a exploração sexual não é turismo, é crime."


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