quarta-feira, 1 de abril de 2020

Demissões e cortes de salário: como pandemia atingiu as empresas de ônibus





Cerca de 70 mil funcionários de empresas de ônibus rodoviários deverão ficar sem salários em abril, e as demissões avançam nas garagens. Empresários dizem que o fechamento de estradas têm feito as receitas caírem a zero. Enquanto algumas viações já realizaram dispensas, em outros caso os trabalhadores estão em férias coletivas.

A associação que representa os empresários diz que espera ajuda federal para capital de giro. Motoristas, cobradores, bilheteiros, funcionários de manutenção e da área administrativa têm feito várias demonstrações de apreensão em redes sociais, filmando os pátios cheios de ônibus parados e os momentos em que ocorreram as demissões.

Dentre as 10 maiores empresas do ramo, a Cometa, que pertence ao grupo JCA, é uma das que estão tomando providências drásticas.

Um funcionário de 62 anos, 14 deles na firma, conversou com a reportagem sem querer se identificar. Segundo ele, os empregados com 60 anos de idade ou mais estão em casa, em licença remunerada. Os que não são idosos foram dispensados do trabalho e não vão receber o próximo salário.

A torcida agora, diz o motorista da linha Campinas x Rio, é para a empresa conseguir cumprir com a promessa de tentar manter o tíquete alimentação e não cobrar pelo convênio médico.

"Não tivemos a confirmação disso ainda, estamos torcendo para que consigam fazer mais isso por nós. Todos, remunerados ou não, estamos ansiosos para que essa situação se normalize, tanto as medidas preventivas de fechar entrada e saída de determinadas cidades, e, principalmente, a pandemia", comentou.

Na garagem da Cometa em Juiz de Fora (MG), um trabalhador informou à reportagem que três funcionários foram demitidos. Como a empresa faz o transporte fretado para a fábrica de caminhões da Mercedes-Benz na cidade, num total de 27 viagens por dia, o número de dispensas não foi tão alto.

Mas, de acordo com os funcionários, a apreensão entre os rodoviários ainda é grande porque não sabem o que pode vir a acontecer. Segundo a fabricante alemã, parte dos trabalhos na planta mineira já foi paralisada nos últimos dias.

Nas redes sociais, há várias postagens de trabalhadores mandados embora em diferentes viações. Da Itapemirim, com sede no Espírito Santo, um trabalhador postou uma foto sua na garagem e dizendo ter sido demitido depois de seis anos na empresa. "Não é isso que o governo mandou. Diminuir salário, sim, demissão, não. Agora, em casa, com dois filhos pequenos, sem emprego, sem salário e sem poder sair de casa. A morte vai ser por depressão".


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