terça-feira, 12 de novembro de 2019

Prejuízo da Embraer sobe mais de 5 vezes no 3° trimestre, para R$ 314,4 mi







Receita e margem bruta recuaram, mas fabricante teve melhora em termos operacionais e no resultado financeiro líquido



A fabricante de aeronaves Embraer registrou prejuízo líquido de R$ 314,4 milhões no terceiro trimestre de 2019, mais de cinco vezes maior que o prejuízo de R$ 52,2 milhões apurado no mesmo período do ano anterior.

A receita recuou 1,5%, de R$ 2,57 bilhões para R$ 2,53 bilhões. A margem bruta, que mede a rentabilidade sobre as vendas, caiu de 16,17% para 14,86%.
Considerando-se o negócio de aviação comercial, que já é lançado como operação descontinuada nas demonstrações financeiras da Embraer por causa do acordo comercial com a Boeing, a receita líquida da companhia brasileira alcançou R$ 4,69 bilhões no terceiro trimestre, alta de 1,7% ante os R$ 4,61 bilhões apurados no mesmo período do ano passado.
Com R$ 1,62 bilhão, o segmento de aviação comercial representou 34,5% da receita líquida consolidada da Embraer no trimestre, frente a 33% um ano antes. A participação da aviação executiva, cuja receita subiu 18,4% na comparação anual diante do maior número de entregas, para R$ 1,48 bilhão, passou de 27% há um ano para 31,5%.
O segmento de defesa e segurança, por sua vez, exibiu queda de 30% na receita líquida, para R$ 638 milhões, diante do ajuste na base de custos do programa de desenvolvimento do KC-390, o que levou a participação na receita consolidada a recuar de 19,8% para 13,6%.
As receitas de serviços e suporte, por outro lado, cresceram 3% na comparação anual, para R$ 947,5 milhões, representando 20,2% da receita consolidada - praticamente estável frente à fatia de 20% do terceiro trimestre do ano passado.
Cisão
Os custos de separação da unidade de negócios de aviação comercial, que é parte do acordo comercial com a Boeing, totalizaram R$ 253,5 milhões nos nove primeiros meses do ano, de acordo com a Embraer. Somente no terceiro trimestre, esses custos ficaram em R$ 138,1 milhões.
Com a conclusão do acordo, que agora é esperado para o começo de 2020, a Embraer vai transferir os ativos de aviação comercial para uma nova empresa, a Boeing Brasil - Commercial, na qual terá participação de 20%. A fábrica da companhia brasileira em São José dos Campos (SP) faz parte da operação.

Diante desses custos, do mix mais desfavorável de entregas de jatos comerciais no terceiro trimestre, da revisão da base de custos no contrato de desenvolvimento do cargueiro KC-390 e da queda de receitas em peças sobressalentes e materiais, a margem bruta consolidada da companhia caiu para 13,2%, de 18,7% no terceiro trimestre do ano passado.
De julho a setembro, o resultado antes de juros e impostos (Ebit) da companhia foi negativo em R$ 80,4 milhões, resultando em margem Ebit negativa de 1,7%.
Em termos operacionais, a Embraer apresentou melhora, com a redução das despesas e o aumento das receitas. O resultado antes do financeiro e dos tributos ficou positivo em R$ 57,4 milhões. Um ano antes, foi negativo em R$ 63,3 milhões.
O resultado financeiro líquido também melhorou, de R$ 89 milhões para R$ 90,6 milhões, com o aumento da receita financeira compensando a variação monetária no período.
O valor gasto com imposto de renda e contribuição social sobre o lucro quase triplicou, de R$ 50,9 milhões para R$ 150,6 milhões.
O prejuízo líquido das operações continuadas caiu de R$ 25,2 milhões para R$ 2,58 milhões, enquanto o prejuízo das operações descontinuadas aumentou de R$ 19,5 milhões para R$ 304,1 milhões.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), não ajustada, passou de R$ 444,2 milhões para R$ 75 milhões. A margem Ebitda foi de 9,6% para 1,6%.
Menos entregas do Super Tucano
Junto com os resultados do terceiro trimestre, a Embraer atualizou as projeções para entregas e resultados em 2019, em parte por causa da postergação para o início de 2020 do fechamento do acordo comercial com a Boeing, que ainda depende do aval de autoridades antitruste.
A companhia espera agora a entrega de cinco aeronaves Super Tucano, frente a dez anteriormente, porém reafirmou a expectativa de entregar entre 85 e 95 jatos comerciais, 90 a 110 jatos executivos e dois cargueiros militares KC-390.
Conforme a companhia, a receita líquida no ano deve se manter entre US$ 5,3 bilhões e US$ 5,7 bilhões, conforme estimado anteriormente, e a margem operacional Ebit ficará perto de zero, “enquanto as estimativas relacionadas à conclusão, até o final do ano, da transação com a Boeing foram suprimidas”.
A fabricante de aeronaves brasileiras projeta ainda uso de caixa livre de US$ 100 milhões a US$ 300 milhões em 2019.

Para 2020, considerando-se a separação da unidade de aviação comercial, a Embraer reiterou a expectativa de receita líquida de US$ 2,5 bilhões a US$ 2,8 bilhões, margem Ebit de 2% a 5% e fluxo de caixa livre nulo.
Anteriormente, a companhia previa o pagamento de um dividendo especial de US$ 1,6 bilhão aos acionistas neste ano, na esteira da conclusão da operação com a Boeing. Como o fechamento do negócio foi adiado para o começo do ano que vem, a companhia prevê pagar esse provento especial em 2020, com valor dentro do intervalo de US$ 1,3 bilhão a US$ 1,6 bilhão.


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